Criar vantagem competitiva sustentável não é algo simples, ainda mais em um ambiente onde as empresas passam por contínuas transformações para fornecer melhores produtos e serviços. Nesse contexto, entender as mudanças, o público consumidor, avaliar o melhor momento de entrada e saída de um produto ou serviço do mercado é fundamental para a criação de uma estratégia bem-sucedida. Existem dois modelos que podem auxiliar na criação dessa estratégia e é a respeito deles que falaremos hoje. O primeiro é o da curva de adoção de produtos, também conhecida como curva de adoção de tecnologia; o segundo, trata-se do ciclo de vida do produto.
Enquanto a curva de adoção de produtos foca em explicar a distribuição e a aceitação de novos produtos e serviços pelos grupos consumidores, o ciclo de vida do produto explica as fases de introdução de um produto no mercado: o crescimento, a maturidade e o declínio.
Mas como esses modelos relacionam-se e exercem influência um sobre o outro?
Para entender melhor como isso se dá de forma simples, pense no Uber e no Airbnb. É muito provável que todos à sua volta já tenham usado um desses serviços, entretanto, eles nem sempre foram tão populares. Durante as fases iniciais, esses serviços estavam no radar de apenas algumas poucas pessoas dispostas a se arriscarem ao entrar na casa ou no carro de desconhecidos – em vez de escolherem hotéis ou chamar um táxi – apenas pelo entusiasmo de experimentar algo novo.
Esse grupo de pessoas entusiastas da tecnologia é descrito no modelo da curva de adoção de produtos como “inovadores”. Essa minoria que representa o começo da curva e corresponde a aproximadamente 2,5% do mercado é extremamente valiosa, pois são eles que ajudam as empresas a tirarem suas ideias do papel enquanto os produtos ainda estão nas fases iniciais de pesquisa e desenvolvimento. Os “inovadores” ajudam a fornecer insights valiosos de design, interação e usabilidade, além de serem peça chave na divulgação dos produtos e serviços em seu estágio inicial do ciclo de vida.
Você provavelmente já sabe qual é o segundo grupo. Basta lembrar-se da cena que se repete todos os anos quando a Apple lança uma nova versão do iPhone e centenas de pessoas fazem fila para comprá-lo no dia do lançamento ou da lista de mais de 600 mil consumidores à espera de uma unidade do Tesla Cybertruck . Esse segundo grupo, de alto poder aquisitivo e apaixonado por tecnologia, é chamado de “adotantes iniciais”. Eles correspondem a aproximadamente 13,5% do mercado e participam principalmente na fase de introdução de um novo produto ou serviço no mercado.
Apesar dos “adotantes iniciais” terem alto poder aquisitivo, não são eles os responsáveis por impulsionar uma fase pós-introdutória do produto, chamada de Growth ou fase de crescimento. Esse efeito de crescimento acelerado é impulsionado pelo terceiro grupo, conhecido como “maioria inicial”. Quando vemos notícias como: “JP Morgan compra 40% do C6 Bank”, “Quinto andar fecha mais de 10.000 novos contratos mensalmente” – é o grupo “maioria inicial”, que corresponde a aproximadamente 34% do mercado, que está impulsionando esse crescimento.
A “Maioria Inicial” é um grupo consumidor que só se interessa por produtos consolidados, aprovados e avaliados positivamente pelos grupos anteriores. Por possuírem uma certa aversão ao risco, conquistar esse exigente grupo de consumidores não é tarefa fácil. Na verdade, há um “abismo” entre a “Maioria Inicial” e os “Adotantes iniciais”, assim, apenas o sucesso nas fases anteriores pode garantir que um produto ou serviço acesse a “Maioria Inicial” e atinja a fase de crescimento.
O quarto grupo, que corresponde a outros 34%, é a “Maioria tardia”. Sabe aquele seu tio que apenas em 2020 começou a utilizar o Facebook? Bem, ele faz parte da maioria tardia. Eles normalmente são céticos em relação à inovação tecnológica e vão adotar apenas produtos e serviços maduros, validados pelo mercado e, mesmo assim, apenas se os benefícios forem claros.
O quinto e último grupo é o dos “Retardatários”. Enquanto a maioria tardia é cética em relação à inovação tecnológica, os retardatários são adversos a ela. Você provavelmente vai identificá-los escrevendo em blogs, fóruns e se lembrando dos bons tempos do Orkut, MSN e ICQ.
Brincadeiras à parte, é muito provável que você deve ter se identificado com algum desses grupos.
É por meio dessas classificações de grupos consumidores e identificação do momento em que cada um deles atua no ciclo de vida do produto que as empresas se beneficiam, lançando mão na hora certa, por exemplo, de campanhas de marketing focadas, sabendo o melhor momento para investir, lançar um novo produto e até mesmo quando retirá-lo do mercado.
Agora que você ficou craque no que é o ciclo de vida do produto, curva de adoção e como cada grupo consumidor atua nesses modelos, eu lanço um desafio!
– Coloquei aqui embaixo um gráfico com a minha leitura de quais tecnologias fazem parte deste ciclo no ano de 2021.
Você saberia dizer quais os produtos ou serviços associados a essas tecnologias? Aliás, qual é a sua leitura para o ano de 2021? Deixe aqui nos comentários!
Por Mateus Ignácio, Product Owner na Invillia
Mateus, muito legal seu texto.
Aqui segue a minha leitura das tecnologias fazem parte deste ciclo de 2021/2022.
Inovadores – interface cérebro-maquina
Primeiros adeptos – Blockchain
Maioria inicial – Crypto ativos
Maioria tardia- Redes Sociais
Retardatários – smartphones (segundo a Strategy Analytics de 06/21, metade da população não possui smartphone)