Na Invillia, toda quarta-feira, ao meio dia, paramos uma hora para nos nutrir com as dicas, how-tos, boas práticas e tendências selecionadas por nossos especialistas em Product, Agile, Back e Front, Mobile, Quality, Security e Data. Uma troca de experiência vital para quem adora o novo. E essencial para que a inovação nunca pare. Se tecnologia está no sangue. A gente faz questão de deixá-la circulando cada vez mais_
NA VEIA_ A inovação ao alcance de todos_
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No artigo de hoje, deixamos os principais aprendizados da inspiradora edição sobre Acessibilidade e Inclusão, apresentada por Julio Daniel, nosso especialista no assunto.
O que é a Acessibilidade e Inclusão?
A Acessibilidade é o conjunto de medidas com o objetivo de garantir o acesso e adaptação a um lugar, serviço, produto ou informação, de maneira segura e autônoma, a pessoas com necessidades especiais. A Inclusão é um valor, uma cultura na qual não há um olhar de diferenciação. Envolve tanto a Acessibilidade quanto a quebra da barreira atitudinal, comummente designada por preconceito.
Em todo o mundo existe 1 bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 13,03% da população (dados da OMS). No Brasil este número ascende a 45 milhões de pessoas, o que equivale a 25% da população (dados do IBGE). A área da Acessibilidade e Inclusão traz um diferencial gigante para todas elas, permitindo oferecer oportunidades iguais independente da capacidade ou circunstâncias de cada uma.
Entendendo a vida das pessoas com deficiência
Se sairmos da teoria, podemos compreender melhor como é o dia a dia das pessoas com deficiência. Escutar a sua palavra, testemunhar a sua experiência e atuar com informações mais empíricas, à base de fatos. Tendo em conta que, devido à questão do preconceito, muitas têm receio de expressar os sentimentos. Quando veem que participamos do seu espaço, que temos interesse em conhecer a sua realidade e resolver os seus problemas, sentem-se mais confortáveis em compartilhar opiniões e é possível evoluir juntos.
Os dois depoimentos seguintes são um exemplo. Um de uma escritora com vários livros sobre linguagem e comunicação, e outro de uma pessoa com paralisia cerebral com quem o Julio Daniel colabora ativamente em projetos de inovação e reabilitação. O seu herói, como carinhosamente chama e nos inspira.
“Eu nasci vesga (estrabismo) e, após duas cirurgias corretivas, achei que podia ver como todo mundo. Mas ainda tinha problemas para dirigir, subir escadas e praticar esportes“ – Susanna Zaraysky, Escritora – USA
Isto é um dos casos de deficiência oculta. Semelhante à dislexia e daltonismo. As pessoas podem passar anos sem saber por que algumas atividades diárias básicas, incluindo as interações com a tecnologia, são tão desafiadoras. Tornar os produtos e serviços digitais acessíveis e inclusivos significa beneficiar todas elas, melhorar o seu mundo, seja qual for o grau de deficiência.
“Eu gostaria de ser cantor, mas as pessoas me olham de forma estranha e eu não sei como fazer isso, talvez se eu fosse igual aos outros eu pudesse fazer” – Agustin, 18 anos – Argentina, Paralisia cerebral
Falando em como melhorar o mundo para os outros, vamos conhecer o Agustin. Ele mora na terra natal do Julio Daniel e tem paralisia cerebral, causada por desenvolvimentos anormais em partes do cérebro que controlam os movimentos. De momento a ciência não tem como evitar esses problemas. Mas nós, como pessoas que trabalham na Acessibilidade e Inclusão, podemos fazer a diferença com muito pouco.
Através do seu background em programação e em parceria com um colega, o Julio Daniel aproveitou um projeto existente de código aberto (a denominada programação inclusiva) e adaptou às necessidades do Agustin. Com o software “Enable by a Cam”, ele consegue realizar ações de play, pause e stop, e controlar as legendas a partir do movimento do rosto. Graças a ele, o Agustin ganhou confiança, participa de karaokes e dá show a cantar em festas :-). A sua felicidade é apenas comparável à do Julio Daniel, que abriu um caminho anteriormente fechado. Uma conquista e tanto, verdade?
Os princípios de Acessibilidade e Inclusão
Chegou então a hora de pensar no design e programação. Para isso, é preciso entender a importância dos princípios de Acessibilidade e Inclusão. Vamos conhecer algumas dicas e sua relação com as diretrizes da WCAG. Aplicáveis não apenas em websites, mas em aplicativos, software e videogames.
1º Princípio: Forneça uma experiência comparável
Algumas pessoas podem ver. Outras não. Algumas pessoas podem ouvir. Outras não. Algumas podem se mover. Outras não. Não pense apenas em fornecer uma solução alternativa, em vez disso, pense em como pode fornecer um acesso equivalente para pessoas com diferentes tipos de deficiência.
Com a descrição de áudio, legendas, alt-text nas imagens. Por exemplo, o texto alternativo viabiliza a utilização de um Text Reader para interpretar as imagens, passando para voz o título e a descrição colocados durante o upload.
2º Princípio: Dê o controle
O usuário deve ter o controle para interagir, acessar e concluir todas as tarefas que desejar. As pessoas devem ter controle total sobre sua interface. Não desative os controles padrão do navegador, como orientação, tamanho da fonte, zoom.
Por exemplo, permitir ao usuário interromper facilmente as animações e fazer zoom. De salientar aqui que as animações com um frame muito rápido causam problemas a pessoas com convulsões.
3º Princípio – Ofereça escolha
Forneça maneiras diferentes de concluir a mesma tarefa. Adotar formas alternativas de usar o layout ou concluir uma ação é uma boa maneira de garantir que o usuário terá a opção de escolher a que melhor se adapta às suas necessidades.
Por exemplo, permitir ao usuário visualizar dados em tabelas e gráficos, oferecer opção de grade e lista. Esta área mexe essencialmente com mobile.
4º Princípio – Considere a situação
As pessoas podem acessar o conteúdo em diversas situações: como no escritório, no ônibus, caminhando na rua ou deitado. Cada uma delas afeta a maneira como usarão sua interface, portanto, fique atento a isso.
Por exemplo, forneça bom contraste e legendas. O contraste ajuda muito as pessoas com dislexia ou dificuldades de visão. Existem ferramentas como o Contrast Checker que permitem simular e avaliar o seu grau com base na cor do texto e do fundo.
5º Princípio – Priorize o conteúdo
Certifique-se de que os principais recursos sejam facilmente diferenciados dos restantes. Antes de começar a criar, é importante entender o conteúdo e priorizar as tarefas e informações mais importantes.
Por exemplo, garanta que o conteúdo mais importante seja mais fácil de identificar. Isto está mais relacionado com a arquitetura da informação, com o destaque dos botões CTA (Call to Action), onde se quer executar um trigger.
6º Princípio – Adicione valor
Quanto valor um novo recurso pode agregar à experiência de diferentes públicos? Os que adiciona devem prover maneiras eficientes de localizar e interagir com o conteúdo.
Por exemplo, fornecer integração com dispositivos conectados, voz, geolocalização, vibração, text reader. Funções que já conseguimos encontrar nas opções de Acessibilidade no Android e no iOS.
As várias bibliotecas e frameworks existentes em open source também facilitam e aceleram a aplicação destes princípios. Que funcionam como a razão da mudança. Desde as coisas mais simples, mas com um impacto enorme.
Concluindo: Inovar sem deixar ninguém de fora
“Os produtos de hoje devem ser acessíveis para todos, independentemente das suas habilidades. Projetar para usuários com deficiências é um exemplo de como os profissionais podem praticar empatia e aprender a experimentar o mundo a partir da perspectiva de outra pessoa” - Nick Babich, Desenvolvedor.
Porque no meio do público alvo de qualquer inovação existe sempre alguém com necessidades especiais. E temos o papel de incentivar para essa questão, envolver os vários stakeholders, os vários membros dos times. Evangelizar, inspirar, conscientizar, compartilhar o “quê”, o “porquê” e o “como”. E pensar de forma holística, incremental. Tendo a Acessibilidade e Inclusão como prioridade para não deixar ninguém de fora e cumprir o seu propósito e visão. Esta questão humana precisa fazer parte da jornada. E não é antagónica com o negócio. Enriquece-o. Faz chegar mais além, atingir mais pessoas. Muitas vezes são pequenas ações que trazem resultados incríveis.
É isso que acreditamos na Invillia e que estamos comprometidos. Agregando valor, aproveitando todo o poder da tecnologia para tornar a Acessibilidade e Inclusão algo que faz parte do dia a dia. Possibilitando que todo mundo usufrua do que mais fantástico se faz em cada segmento. É a nossa Global Growth Framework em ação. Engajada por Dados, Pessoas e Ação_
Vamos inovar juntos de forma inclusiva?
Bibliografia e créditos
- Accessibility SheIsACreative
- Inclusive Design for a Digital World. Regine M. Gilbert.
- Accessibility for Visual Design. Nick Babich
- Luciane Midori Kadomoto Bezerra. Psicóloga-USP.
- Dr. Scott Rains: Norte Americano militante pela Acessibilidade, Inclusão e Direitos Humanos